Crítica: O Último Episódio traz muita nostalgia e emoção à tela do cinema

O Último Episódio, produção do estúdio Filmes de Plástico, à primeira vista, traz uma premissa simples, que cativa: o que será que poderia ter acontecido no episódio final do desenho animado “A Caverna do Dragão”? A animação, baseada na famosa série Dungeons & Dragons de jogos de RPG e sucesso estrondoso no país nos anos 1990, nunca sanou essa dúvida, já que acabou sendo cancelada antes de ter seu arco principal concluído de fato, deixando seus fãs com a pulga atrás da orelha por décadas desde então.

É no meio das lembranças do diretor do filme, Maurilio Martins, que encontramos uma possível resposta, ou o caminho para ela, já que em seu cerne, O Último Episódio vai muito além do conceito inicial. Uma história de amadurecimento e o fim de uma era, por assim dizer, vista pelo prisma da vida de Erik, um garoto de 13 anos vivendo em Contagem, no bairro de Laguna, onde o diretor cresceu.

Erik, ao tentar impressionar a garota que ele gosta, acaba entrando em uma bela confusão ao prometer mostrar para ela uma tal fita cassete onde está gravado o capítulo final do desenho que todos tanto amam. É claro que ele não existe, mas Erik, com toda sua criatividade e contando com a ajuda de seus dois melhores amigos, decide gravar a conclusão ele mesmo, usando a câmera de seu falecido pai.

o último episódio
Erik conta com a ajuda de muitos amigos do bairro para tentar realizar seu sonho.

Em meio disso, cresce a pressão dentro de casa, já que com a inflação e problemas econômicos pelos quais o Brasil passava naquele momento, sua mãe, que trabalha como remarcadora de preços no mercadinho local, quer vender a câmera para sanar uma crescente dívida. E não é só isso, os meninos precisam se preparar para uma apresentação cultural em seu colégio!

Regado de nostalgia muito bem estabelecida por toda a caracterização de cenário e figurino daquele momento histórico, com marcas de doces, brinquedos, bebidas e outros diversos recursos muito nostálgicos para quem tem mais de 35 anos hoje em dia, O Último Episódio é um filme extremamente conciso e bem dirigido, sendo uma excelente pedida não só para os saudosos, mas também os muito mais jovens. 

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O menino e sua atarefada mãe, no quintal de casa.

Isso porque ele conta com uma narrativa contagiante e com mensagens que transcendem a pieguice na qual muitas produções similares acabam desembocando. É um filme muito fofo e ao mesmo tempo maduro, mostrando que há momentos da vida que devem ser guardados no coração, mas que não significa que as eventuais mudanças devem ficar no caminho de viver a vida ao máximo. Ao mesmo tempo, é também uma produção muito pessoal a Martins, que obviamente colocou muito de si nela, deixando espaço para aqueles de nós que viveram o momento, possam se colocar em seu lugar.

Com um elenco sem grandes nomes mas nem de menos talentosos, O Último Episódio irá te surpreender com momentos de emoção verdadeira, indo muito além de ser um mero veículo para nostalgia. O resultado final é um filme repleto de personalidade, coragem de sair da caixinha, que apesar de ter um escopo bem mais contido, faz disso sua maior arma, entregando uma experiência que com certeza te agradará e muito.  

Ficha técnica de “O Último Episódio”

Direção: Maurilio Martins
Roteiro: Maurilio Martins e Thiago Macêdo Correia
Produção: Maurilio Martins, Thiago Macêdo Correia, André Novais Oliveira e Gabriel Martins
Produção Executiva: Thiago Macêdo Correia
Fotografia: Leonardo Feliciano
Montagem: Gabriel Martins, Marco Antônio Pereira e Yasmin Guimarães
Direção de Arte: Mariana Souto
Figurino: Caroleta Maurício
Caracterização: Marina Sandin
Música: John Ulhoa e Richard Neves
Animações: Wesley Rodrigues
Créditos Iniciais: Froiid
Som Direto: Gustavo Fioravante
Desenho de Som e Mixagem: Tiago Bello
Efeitos Visuais: Zenner Henriques
Direção de Produção: Luna Gomides
Produtora: Filmes de Plástico
Coprodução: Canal Brasil, Cine Film
Estúdio de Finalização: Quanta
Distribuição no Brasil: Malute Filmes e Embaúba Filmes
Ano e país de produção: Brasil, 2025
Duração: 112 min
Classificação indicativa: 12 anos

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