A Koei Tecmo retém um monopólio sobre o subgênero de jogos de ação musou, afinal, foi ela mesma quem o criou, quando lançou Dynasty Warriors 2 nos meados dos anos 2000. Desde então, tivemos dezenas de versões, todas seguindo a fórmula de sucesso, algumas até pegando as mais variadas franquias e transformando-as em jogos divertidos, em que conhecidos personagens enfrentam centenas de inimigos ao mesmo tempo.
Não é novidade a parceria da Nintendo com a Koei Tecmo a fim de criar títulos musou exclusivos para seus sistemas, como parte de algumas das suas franquias mais queridas pelos fãs, como The Legend of Zelda e Fire Emblem, todos sucessos absolutos de crítica e venda, sendo o mais novo deles Hyrule Warriors: Age of Imprisonment, que chegou ao Nintendo Switch 2 no último dia 6.
Desta vez, é explorado um lado da história de The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom que foi deixado de escanteio enquanto Link explorava os vastos mapas de Hyrule. Naquela aventura, o papel de Zelda passou a ser mais que secundário, mais uma participação especial, já que, apesar de estar presente na apresentação daquele jogo, ela passou a aparecer somente em forma de flashbacks, por ter sido transportada de volta no tempo, para a época de nascimento do reino.
Em Age of Imprisonment, temos a oportunidade de ver o desenrolar da história sob o ponto de vista da princesa, sua interação com o primeiro casal real de Hyrule e o testemunho da ascensão do vilão Ganondorf, momentos tratados rapidamente durante Tears of the Kingdom. Tudo isso entre muitas e muitas lutas contra centenas de milhares de inimigos dos mais diferentes tipos em um jogo com jogabilidade simples, mas extremamente contagiante.

Hyrule Warriors: Age of Imprisonment não tenta fugir do que faz um musou ser o que é, algo que pode ser jogado por praticamente qualquer tipo de jogador, longe disso, aposta nesse quesito em dobro, abrindo a possibilidade de mais de um participante entrar nas partidas. Para quem decidir enfrentar as forças do mal sozinho, há muito o que fazer em um jogo que oferece alguns tipos distintos de atividades, sistemas de coleta de materiais, atualização de equipamentos, e, o mais importante, seguir com a história de maneira consistente.
Por se tratar de um jogo de pura pancadaria, seria fácil rotulá-lo como algo em que você pode basicamente bater nos botões de seu JoyCon 2 aleatoriamente e sair vitorioso, mas há mais estratégia por trás da limitação de controles que Hyrule Warriors inicialmente apresenta. Quanto mais você gasta recursos para adquirir novas habilidades para seus personagens, as possibilidades de combinações de ataque crescem, abrindo o leque de variedade durante as lutas travadas, em especial contra chefes.
Isso porque eles exigem que você fique de olho não só na hora de contra-atacá-los, momento no qual deve-se usar um revide específico, dependendo de onde está vindo o momento, mas também quando colocar em prática essas combinações devido ao seu poder, em especial no momento quando a guarda do inimigo está quebrada. Essa dança preenche muito bem um dos quesitos que torna Hyrule Warriors: Age of Imprisonment, o de ser um jogo rápido e tranquilo de se curtir em poucos minutos, como toda boa opção de diversão portátil.
Dito isso, é importante frisar que há sim uma boa quantidade de cenas animadas que não podem ser pausadas no decorrer do game, muitas das quais contém acontecimentos marcantes da história, o que nem sempre facilita as idas e vindas de quem está jogando de modo mais pipocado, por assim dizer. Não chega a ser um pouco negativo, mas teria sido bom ter como colocá-las de lado para pelo menos salvar o progresso, para acompanhar o rumo da trama quando fosse mais conveniente.

E você vai querer acompanhar tudo o que acontece, ainda mais se você jogou Tears of the Kingdom, porque ambos os jogos estão ligados de forma inseparável. Age of Imprisonment não só acontece em basicamente lado-a-lado da aventura de Link de 2023, mas também apresenta respostas a muitas perguntas que foram deixadas no ar mesmo depois de zerá-la. Sim, você saberá como se deu o avanço de Ganondorf, sua eventual queda, e como tudo ficou armado para que nosso silencioso herói fosse capaz de pegar emprestado os poderes do Rei Raoru naquele game.
Falando no rei, temos que falar nos personagens com quem você joga em Hyrule Warriors. Não só você poderá contar com a força dele, de Zelda, que começa a desenvolver suas próprias habilidades de combate, mas também Mineru, a irmã do rei, Calamo, um simpático korok, entre vários outros. Todos com suas habilidades e estilos distintos de jogar e com possibilidades de ataques em conjuntos, ativados em partes oportunas das lutas em que dois ou mais deles estão juntos no decorrer de Age of Imprisonment. Faltou Link na brincadeira? Há muitos outros para compensar isso, até que demais.
Por se tratar do primeiro jogo da série a estar no Nintendo Switch 2, Hyrule Warriors: Age of Imprisonment é um exemplo do poderio do recém-lançado console híbrido da companhia. Diferente de seus antecessores, este daqui roda absurdamente bem, sem quedas perceptíveis de performance, mesmo com toda a bagunça rolando em tema, independente se está sendo jogado na TV ou em modo portátil. Todo o estilo da apresentação que faz de Tears of the Kingdom ser tão belo foi transferido perfeitamente para Hyrule Warriors, sem tirar nem pôr. Isso inclui músicas, efeitos sonoros e as atuações de voz, que agora incluem mais atores, para acomodar os novos personagens apresentados.

Infelizmente, ao contrário dos relançamentos de The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Tears of the Kindgom no Switch 2, Hyrule Warriors: Age of Imprisonment não inclui tradução em português do Brasil. Vista a importância do jogo dentro da linha do tempo da série, é uma pena que ele não tenha recebido o mesmo tratamento. A falta de uma localização dedicada ao nosso território é cada vez mais sentida e se faz necessário haver a inclusão do nosso idioma na lista de prioridades que não podem faltar em lançamentos do primeiro escalão da Casa do Cogumelo por aqui.
Para os fanáticos de plantão de The Legend of Zelda, Hyrule Warriors: Age of Imprisonment é uma compra imperdível. É um dos poucos jogos que fogem do estilo dos capítulos principais e consegue adaptar tão bem sua personalidade, entregando uma experiência de jogo tão divertida, mesmo num formato em fases, o que tira um pouco do esplendor de se explorar o lindo mundo aberto de Tears of the Kingdom. Caso você ainda esteja na dúvida se deve ou não jogá-lo mesmo sem ter experiência prévia com musou ou até com a série Zelda como um todo, não se deixe intimidar pelo fato de ser um jogo com ligações a outros títulos, faça disso um incentivo para entrar de cabeça neles!
O Entertainium Brasil agradece a assessoria da Nintendo pelo acesso a um código de teste para a produção desta matéria.
