Review: The Flayed Man é um ‘Point and Click’ competente, mas um tanto decepcionante

the flayed man

‘Point and Clicks’ são especiais e têm sempre um quê de aventura que ganha corações afora. Dentro de uma jogabilidade simples e intuitiva, as narrativas e artes podem ganhar mais foco e certa artesanalidade por parte dos criadores. Em The Flayed Man (O Homem Esfolado, em português), de 2025, isso acontece, mas é quase que uma demonstração, um primeiro jogo criado por estudantes de design de jogos. 

Como fiz parecer, The Flayed Man contém sua profundidade escondida, mas é curtíssimo, se tratando de um ótimo conto de terror. Em cerca de 2 horas, é possível ver todo o fluxo do jogo e ver todos os seus finais. 

Você começa na pele de August em algum lugar estranho, numa casa abandonada. O personagem não só surge de repente lá como está completamente em carne viva, ou seja, com seus músculos e ossos expostos, em agonia eterna. Ao andar pelo cenário, é possível pegar e guardar alguns objetos, observar outros e pensar a respeito de tudo ao redor e sobre o protagonista (sendo o botão esquerdo do mouse para as interações e o direito para os pensamentos). 

Nosso protagonista tem uma sentença de dor eterna muito misteriosa

É possível ver e interagir em apenas 4 lugares: a sala dessa casa abandonada, o quarto/corredor no 1 ° andar, o banheiro e a área externa. Nesses ambientes haverão pouquíssimos objetos, os quais interagem entre si e com o mundo, possibilitando o progresso do jogo. Muito tradicional para jogos do gênero, até então.

The Flayed Man é um jogo sobre julgamento e tem uma mensagem sobre o pós-vida e espiritualidade, fazendo a pessoa jogadora tomar decisões morais que simplesmente impactam no final do jogo. Decisões essas feitas num confessionário, na sala da casa (!), em diálogos ativados após certas resoluções de puzzles com personagens penitentes. São 3 finais, no total, que deixam um pouco a desejar, mas que têm seu charme em relação à narrativa sombria e de terror. 

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Cenários macabros marcam a narrativa de The Flayed Man.

Ah, e na área externa, o mais macabro: uma criatura enorme com vários dentes afiados, um orifício enorme no lugar da boca e rostos humanoides se mexendo dentro da sua barriga permanece no jardim em grande parte do tempo. Haverá muito diálogo com ela, o que fortalece a essência medonha do que esse pequeno jogo indie se propõe a fazer, além de questionar o protagonista sobre seus atos. Entretanto, ao longo da narrativa, esses diálogos ficam cada vez mais crípticos e, sob a perspectiva final, cada vez mais desinteressantes. Tal criatura nada mais é que a superficialidade do jogo ali expressa, para a decepção de quem espera muito da narrativa construída na temática do terror. 

Jogar este ‘Point and Click’ moderno pode até engajar muito do início ao final, principalmente para quem gosta do gênero. Mas conforme se avança, tudo o que é revelado é, no máximo, “OK”. E as conclusões só levam a uma mistura estranha de frustração com expectativas atendidas, graças a clichês muito presentes. 

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Sentenças de morte que o protagonista precisa desfazer en sya jornada pós-vida, o que deixa tudo meio confuso e críptico.

The Flayed Man deixa mais perguntas que respostas no final. Sua duração é curtíssima e, novamente, é quase que uma demonstração do que pode ser um “Apontar e Clicar”. Tais fatores não deixam o jogo menos interessante – muito pelo contrário -, mas não posso deixar de afirmar que é uma história bem esquecível. Para um primeiro jogo desses desenvolvedores, é uma ótima experiência, o que deixa curiosidade para o que vier a seguir em seus futuros trabalhos. 

Por isso tudo, essa experiência é mais recomendável para quem for mais adepto ou tenha alguma curiosidade sobre o gênero. Mesmo assim, leve suas expectativas mais ajustadas para o seu mouse. 


O Entertainium Brasil agradece a assessoria do jogo por ceder um código de teste para a produção deste review. 

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